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terça-feira, 26 de agosto de 2014

O que lhe convém lembrar?




_ Vai doer? - disse Sophia com lágrimas nos olhos e um ar totalmente em dúvida.
_ Depende. Dor física não sentirá nenhuma. Não sentirás nada além de um leve cutucar na testa, tão imperceptível e tão rápido como um piscar de olhos. Você irá adormecer em segundos, um sono profundo onde fará uma viagem em toda a sua vida durante teu sono. Tudo que já viveu, todos os momentos, felizes e tristes. passarão por voce nesse sono. Viverá novamente. Sentirá tudo de novo. E dependendo de pra onde vá, essa sim, será a parte dolorosa. Talvez fique presa em seus próprios medos. Quando acordar, não se lembrará deste sonho, não lembrará quem é ou o que fez. Todos os seus sofrimentos serão apagados da sua mente, tudo que enfrentou até aqui, virará cinzas. Essa é a dor maior minha criança... não lembrar! Ainda quer continuar com isto?

Ela abaixou a cabeça por um momento. "Será que valia mesmo a pena?", e então pensou no que ainda restara pra lhe dar forças de desistir e sair correndo... Nada! Não havia nada, nem ninguém ao seu lado. Estava sozinha, num lugar qualquer, tendo uma vida qualquer. Tudo que restaram foram lembranças de um dia ter vivido, ter amado e então, ser forçada a viver o resto dos dias sozinha. Como se fosse um monstro. Sem ninguém para confortá-la. Seu lar, sua família, seus amigos, seu grande amor... não voltariam, nunca mais... Sophia não era a mesma. Enxugou as lágrimas e levantou a cabeça tão repentinamente que o próprio Dr. Ruddich se assustou levantando as sombrancelhas e arregalando os olhos:
_ Sim. Continue! - disse ela firmemente.
_ Ainda não entendo, és tão jovem...
_ Exatamente. Vou aproveitar e começar tudo de novo enquanto há tempo.
_ Fez o que lhe pedi? Escreveu no papel tudo que lhe convém lembrar?
_ Sim. Aqui está. - ao dizer isto, estendeu a mão até ele.
O Doutor ao abrir o pequeno papel amassado, balbuciou essas palavras:


"Meu nome é Alice"


_ Alice? - Perguntou um pouco intrigado.
_é um nome bonito não é? Alice...
_ Realmente - disse devolvendo-lhe o papel, agora, dobrando o mais perfeito possível. - Mas é só isso?
_ Somente o que me convém lembrar. Da história de uma garota que viveu num mundo perfeito e depois, teve que acordar pra realidade. - Sophia pareceu um pouco sarcástica nessa parte.
_ Então é tudo? - insistiu
_ SIM! É tudo!
_ Então tome! - Dr. Ruddich ofereceu uma pequena xícara com um liquido transparente e sem cheiro.
_ Vai apagar meu passado com água?_ Não é água menina burra. Confia que vai dar certo?
_ Confio!
_ Então está pronta!


E assim, a nova Alice, tomou o líquido desconhecido, mergulhando no mundo de sonhos de toda sua antiga vida. Todos os seus medos, dúvidas, alegrias... tudo passando tão rápido e de uma maneira nunca antes sentida por alguém. Nunca tão intensamente. Os sentimentos eram mais fortes, as emoções extremas. Passou pelos melhores momentos bons com seus amigos, as pessoas que amava... mas logo veio a dor, seus medos... reviveu cada segundo da angustia de ver, aqueles que tanto amava, sendo massacrados, derrotados... assassinados. Cada gota de sangue, cada olhar de súplica, se viu ali, novamente diante deles. E agora, sem poder voltar atrás...

Um tempo depois "Alice" acordou:
_ Bom dia! - disse o homem velho ao seu lado. - Está feito!

fim.. (?)

Daniela Siqueira, da série interminada de Blood on our Knees :*

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Monstros Enclausurados

Seus passos te levam onde não quer ir
Guiada por incertezas e dúvidas
Não sabe mais pra onde fugir.
Tua mente vazia só mostra o rancor
E todo o mal que um dia causou.
Dos teus lábios saem apenas palavras de amargura
Ao olhar a sua volta e sentir uma dor sem nenhuma cura.
Teu cabelo molhado nos ombros
Teu lábio sem nenhuma cor,
Olhando o reflexo da garota sem nenhum amor.
Tua máscara pintada com um sorriso eterno
Com tantos pecados está indo aos poucos pro inferno.
Se sua ausência já não é mais sentida
Tampouco a sua compaixão
Ninguém vai notar tua drástica partida.
E se o verdadeiro destino daquela que não sabe quem ao menos é
For a morte solitária ao lado de alguém que não lhe quer?
E toda essa culpa e mágoa que carrega nas costas
Vai caminhando dia após dia sem achar as respostas
E se aguenta tudo isso calada
É porque apenas está dando vida ao monstro que sempre foi tua morada.
Chorar não vai limpar teu corpo do mal que causou
Gritar não vai fazer os mortos acordarem
Desespero não adianta quando já se foram.
Tua luta de nada adianta se ja esta perdida.
Não existe caminho na escuridão,
nem mesmo amor enquanto há guerra.
Durante o caos não há liberdade,
Não há esperança,
Não há compaixão.
Só sobram dores de um mundo em decadência
e uma humanidade em segregação.

sábado, 23 de março de 2013

Primeiro Post - Caindo na toca do Coelho



Acho que deveria começar apresentando-me e dizendo meus reais motivos de dedicar um tempo à mais uma página na internet. A verdade é que eu nem mesmo sei. Sabe um daqueles pensamentos que a gente tem de querer mudar, aí decide mudar a cor do cabelo, o corte, as roupas... e ainda fica faltando alguma coisa? Não é algo fisicamente que deve ser mudado, mas o nosso interior. É toda essa ideia boba de achar que um simples corte de cabelo vai refletir no nosso dia-a-dia, mas não. Desde a minha ultima estadia ao salão tenho pensado à respeito dessas vontades repentinas de mudança de minha parte. E ainda acho que penso exageradamente nisso. Listas e mais listas, noites mal dormidas e nenhuma conclusão. Sou uma pessoa totalmente confusa, desde a escolha do sabor do sorvete, até o que fazer da vida. Esse é um dos motivos pro título do blog. Sou uma garota em plena confusão mas que ainda vive sonhando com um lugar perfeito. Tenho muito de Alice no meu interior, e espero poder dividir um pouco disso aqui.

Espero que gostem.